terça-feira, 21 de setembro de 2010

2009

OBS.: texto que encontrei há pouco tempo e reorganizei. Estou postando um pouco atrasada, mas espero que gostem!


Querido 2009,

Eu sei que você é novo nesse cargo e não tem muita experiência nisso. Sei também que os anos anteriores lhe informaram que não é uma tarefa fácil, embora pareça, essa história de atender ao que todos desejam: ser um próspero ano novo. Eu entendo. Todos criam mil expectativas antes mesmo de sua chegada, e você só está tão assustado como nós estamos. Com uma diferença. Nós acreditamos que você sabe o que está fazendo, que tudo dará certo a longo prazo, mesmo que o seu tempo conosco seja curto. Não se preocupe. Eu não contarei a ninguém que você é inexperiente e pode acabar cometendo os mesmos erros que os anos anteriores. Porque, de uma forma um pouco bizarra, eu confio em você.

Em primeiro lugar, eu gostaria de lhe pedir uma coisa. Já é março. A rapidez com que o tempo anda faz as pessoas se assustarem um pouco. Eu sei que o tempo é um amigo seu de longa data, então que tal sugerir que ele desacelere um pouco sua velocidade? Diga para ele não ter pressa, que ninguém vai tirá-lo do lugar a que ele pertence. Explique que se ele começar a caminhar, ao invés de correr, você terá mais oportunidades de fazer seu mandato inesquecível. Eu acho que ele vai lhe escutar, mesmo que seja pouco. As pessoas se assustam com ele, têm medo que ele tire tudo o que elas possuem, eu compreendo esse desespero, porque às vezes, até eu mesma sinto. Eu sei que você fará o possível.

E, bem, tem uma coisa que eu preciso lhe informar. Antes mesmo de você chegar, as pessoas já estavam falando mal pelas suas costas, dizendo que você não seria um bom ano. Todos dizem que você trouxe uma crise com você. Eu entendo que não é sua culpa. É apenas o reflexo do mau reinado de anos anteriores, por isso que eu acredito que, de alguma maneira, você pode mudar isso. Seria engraçado olhar para a cara de todas aquelas pessoas e dar risada quando elas olhassem para você, incrédulas, comentando que você deu à volta por cima. Acho que até eu me divertiria com a situação.

As pessoas podem me chamar de otimista. Confesso que, até agora, não tenho muitos motivos para ter fé que você vai fazer tudo mudar. Mas eu sei que, assim como eu confio em você, você confia naquele velho amigo que eu já mencionei: o tempo. E ambos sabemos que ele é intrigante, um tanto quanto brincalhão, gosta de nos deixar surpresos. Eu já percebi o poder que ele tem sobre as coisas, a facilidade com que ele estraga ou melhora tudo.

Confesso que ele foi bondoso o suficiente conosco em uma época distante. E é compreensível que às vezes ele faça uma brincadeira de mau gosto. É deprimente, claro, ver que, quanto mais ele anda para a frente, mais as pessoas retrocedem, quase na mesma proporção. Então talvez seja um pouco culpa dele, o fracasso dos anos anteriores. Culpa inconsciente, até. Por isso sugiro aquela conversa. Diga ao tempo que ele é essencial, que ele cura as dores, os erros e sabe muito bem como cicatrizar as feridas deixadas pelos problemas do passado. Eu acredito que afinal, ele vai acabar disfarçando graciosamente todos os conflitos.

Apesar de confiar em você, sei que terá uma semelhança com os anos anteriores: trará alegrias, tristezas, doenças, desastres naturais, confraternizações entre povos e o mais importante: deixará a área preparada para o 2010. E por, favor, pense nele também: se você cumprir bem seu papel, pode ser que ele siga o seu exemplo.

Boa sorte!


Victória Pereira Martins
03/2009