Eu não sei se algum dia você terá a oportunidade de saber tudo isso, e já seria tarde demais se você soubesse agora. Paciência. Eu falaria mesmo assim.
Em primeiro lugar, eu sei que não estou na posição de te exigir nem te acusar de nada, porque reconheço que errei. Sei que você já sofreu muito por minha causa e me desculpo por isso. Eu sempre tentei ser sincera com você. Era verdade quando eu disse que te amava. Sei que às vezes meus atos contradisseram minhas palavras, porém eu tentei dar a ideia errada para que a nossa separação inevitável fosse menos dolorosa. E muitas vezes minha boca me traiu, quando ela lhe dizia todas aquelas declarações apaixonadas. Tentei poupar a ambos quando eu sabia que uma relação à distância nunca daria certo, embora nós nos amássemos imensuravelmente. Não te fiz sofrer sem motivo. Nunca cogitei me apaixonar por outra pessoa desde que te conheci porque eu sabia que ninguém jamais me faria sentir do jeito que você fazia. Por isso acho que seu desprezo é um tanto quanto injusto: eu nunca tive a intenção de te machucar e não o faria se não houvesse necessidade.
A verdade é que eu amo você. E ainda sou louca por aquele menino que me beijou na lavanderia, que chorou na minha frente e fez promessas de amor eterno. Não sei se você ainda é aquele menino, já que as promessas se seguiram frágeis... e quebradas. Mas agora eu sei quem eu quero. Eu sei quem me faz bem e quem me ama de verdade. Porém, não tenho certeza se essa pessoa ainda existe. Cabe a você me dizer.
Enquanto não me diz, eu te desejo toda a felicidade do mundo, seja do lado de quem for. Eu quero que você alcance todos os seus sonhos e viva toda a alegria que, sem querer, eu não te deixei viver. Eu realmente espero que essa outra menina que você diz amar agora cure todas as suas feridas (muita delas eu causei) e deixe as cicatrizes imperceptíveis. Já as minhas feridas estão curadas, mas eu fiz questão de deixar cicatrizes bem grandes, que doem às vezes, mas que não me deixam esquecer de todos os nossos momentos juntos. Eu não te pediria que fizesse o mesmo, só gostaria que de vez em quando se lembrasse daquela menina que você costumava amar irremediavelmente.
Victória Pereira Martins
13/04/2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
quinta-feira, 9 de abril de 2009
As cores da noite
Ele fechou o livro e decidiu que estava tarde o suficiente para começar a se preparar para aquela noite. Era a terceira ou quarta vez que lia "Noites Brancas", de Dostoiévski, e não importava quantas vezes lesse, ele sempre se arrepiaria com todas aquelas linhas sobre o amor e a vida. Havia muito, Lucas esperava por aquela noite. Escolheu a dedo que colônia usaria e sorriu fanstasiando com seriam as próximas horas.
Ela olhou pro relógio e concluiu que era melhor se apressar. Victória odiava se atrasar: sempre pensara que a pontualidade era uma virtude. Terminou de passar a maquiagem e selecionou o vestido mais bonito, porque sabia que aquela noite seria importante. Era a oportunidade que ambos esperavam, a ocasião especial que eles decidiram que valia a pena comemorar. Sem poder perder mais tempo, pegou a chave do carro e pensou se Lucas já estaria no local marcado.
Lucas fazia 22 anos naquela noite. E sentia-se melhor do que nunca. Chegou ao bar onde esperaria pacientemente por Victória. Seus anos de experiência com mulheres lhe haviam ensinado que de nada adiantava esperar que a mulher fosse pontual. Mas por uma questão de cavalheirismo, ele chegou com antecedência. Odiaria ver a cena contrária: ela esperando por ele. Então apressou-se para pegar uma mesa ao canto e sentou-se olhando o movimento ao redor. Mais uma vez, pensou como a menina que ele conhecera havia muitos anos estaria. Bem, ele sabia que ela não era mais uma menina, mas não conseguia deixar de pensar nela daquele jeito.
Victória ficava cada vez mais impaciente com o trânsito. Além de ser uma das coisas que mais a irritava, ela estava muito mais preocupada com sua falta de pontualidade. Não queria que Lucas ficasse sentado esperando por ela. Pensou nele e imaginou como ele estaria. Os anos que a haviam amadurecido eram suficiente para que ela encontrasse beleza nele, já que antes só conseguia vê-lo como um amigo mais velho, um protetor. Sorriu com o pensamento, porque sabia que mesmo anos mais tarde, ele continuava sendo um protetor pra ela, de uma outra forma. Uma forma muito mais intensa.
Lucas descruzou as pernas e viu as luzes de um carro na rua. Passou os dedos pelo cabelo e de algum modo, teve certeza que era ela. Viu o carro se desligando, o farol se apagando, deixando a noite - momentaneamente branca - escura novamente. Observou-a enquanto ela saía do carro, e percebeu que todas as suas expectativas haviam sido superadas. Olhando para o tamanho do sorriso que Victória abriu ao vê-lo, soube que ela pensava o mesmo. Os minutos passaram-se lentamente enquanto ela caminhava até ele, abrindo espaço e iluminando o caminho com seu vestido. Eles olharam-se brevemente antes do longo abraço. Ele, com uma camisa preta, envolvendo-a em um vestido branco: era como a noite lá fora, iluminada pelas estrelas. Lucas abanou a cabeça e murmurou:
"Como passam rápidos os anos!"
Ambos sorriram, encantados com a penumbra da memória, clareada pelos momentos futuros que ainda estavam por vir.
Victória Pereira Martins
09/04/2009
Homenagem a você, Lu,
que se tornou eternamente responsável por mim.
Muito especial, e isso não muda.
Feliz aniversário.
:*
Ela olhou pro relógio e concluiu que era melhor se apressar. Victória odiava se atrasar: sempre pensara que a pontualidade era uma virtude. Terminou de passar a maquiagem e selecionou o vestido mais bonito, porque sabia que aquela noite seria importante. Era a oportunidade que ambos esperavam, a ocasião especial que eles decidiram que valia a pena comemorar. Sem poder perder mais tempo, pegou a chave do carro e pensou se Lucas já estaria no local marcado.
Lucas fazia 22 anos naquela noite. E sentia-se melhor do que nunca. Chegou ao bar onde esperaria pacientemente por Victória. Seus anos de experiência com mulheres lhe haviam ensinado que de nada adiantava esperar que a mulher fosse pontual. Mas por uma questão de cavalheirismo, ele chegou com antecedência. Odiaria ver a cena contrária: ela esperando por ele. Então apressou-se para pegar uma mesa ao canto e sentou-se olhando o movimento ao redor. Mais uma vez, pensou como a menina que ele conhecera havia muitos anos estaria. Bem, ele sabia que ela não era mais uma menina, mas não conseguia deixar de pensar nela daquele jeito.
Victória ficava cada vez mais impaciente com o trânsito. Além de ser uma das coisas que mais a irritava, ela estava muito mais preocupada com sua falta de pontualidade. Não queria que Lucas ficasse sentado esperando por ela. Pensou nele e imaginou como ele estaria. Os anos que a haviam amadurecido eram suficiente para que ela encontrasse beleza nele, já que antes só conseguia vê-lo como um amigo mais velho, um protetor. Sorriu com o pensamento, porque sabia que mesmo anos mais tarde, ele continuava sendo um protetor pra ela, de uma outra forma. Uma forma muito mais intensa.
Lucas descruzou as pernas e viu as luzes de um carro na rua. Passou os dedos pelo cabelo e de algum modo, teve certeza que era ela. Viu o carro se desligando, o farol se apagando, deixando a noite - momentaneamente branca - escura novamente. Observou-a enquanto ela saía do carro, e percebeu que todas as suas expectativas haviam sido superadas. Olhando para o tamanho do sorriso que Victória abriu ao vê-lo, soube que ela pensava o mesmo. Os minutos passaram-se lentamente enquanto ela caminhava até ele, abrindo espaço e iluminando o caminho com seu vestido. Eles olharam-se brevemente antes do longo abraço. Ele, com uma camisa preta, envolvendo-a em um vestido branco: era como a noite lá fora, iluminada pelas estrelas. Lucas abanou a cabeça e murmurou:
"Como passam rápidos os anos!"
Ambos sorriram, encantados com a penumbra da memória, clareada pelos momentos futuros que ainda estavam por vir.
Victória Pereira Martins
09/04/2009
Homenagem a você, Lu,
que se tornou eternamente responsável por mim.
Muito especial, e isso não muda.
Feliz aniversário.
:*
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