Vencedor,
Sinto lhe informar que hoje está doendo mais que o usual. Sim, eu sei que o tempo faz a gente esquecer, mas o tempo também demora a passar. Apesar de ter pensado menos em você esses dias, a cada vez que me lembro de sua nebulosa existência, creio que a pontada interna seja maior, como o intervalo entre esses pensamentos.
É, eu perdi mais uma vez. Angustia-me ter a certeza que você não se importa com tal fato, porque além de ter sido sua culpa meu fracasso, também é seu mérito essa vitória. Irrelevante ter sido intencional ou não, ao menos eu ainda tenho a glória de poder chorar e levar no meu caminho apenas a incerteza. Quem sabe também, cobrar de mim mesma a tentativa de melhora na próxima vez. Isso é, se tiver uma próxima chance.
Caso você se sinta culpado pela minha tristeza e humilhação, acontecimento que eu acho muito improvável, fique sabendo que eu ficarei bem. O tempo é indeterminado e minha dor indefinível, mas eu gosto de prevenir as pessoas com certas ocorrências repentinas, o contrário do que você foi capaz de fazer.
Não quero que, com isso, você sinta que fez algo de errado. Na verdade, eu deveria agradecê-lo pelos bons momentos, ainda que efêmeros, que você me proporcionou. Eu que não deveria lutar com algo que sabia que não poderia combater e vencer. Iria esperar o triunfo ansiosamente, sendo que a realização nunca seria oficializada. O que alivia é minha ilusão doce ter sido destruída em questão de minutos, quando na verdade, poderia ter durado anos. Nesse caso, eu ansiaria tão friamente o grande momento, mas mais cedo ou mais tarde, o inevitável bateria à minha porta, fazendo-me dar adeus ao que seria minha pressuposta razão de continuar lutando.
Por isso, não me envergonho de admitir que caí, sim. Perdi e perderei quantas vezes forem necessárias até aprender com meus próprios erros. A única coisa que me dá raiva nisso tudo é que além de ter perdido a luta, me perdi de mim mesma. Todos os planos foram feitos com a esperança do destino ser em outra direção. Planos que ficarão pra sempre na memória, e nunca em exposição.
E por fim, perdi-me de você também. Lutava porque sabia que você seria o prêmio. Agora eu vejo que foi tolice a minha acreditar que vencendo, eu teria tudo o que queria. Na verdade, o que eu queria mesmo era provar a mim mesma e a todos que eu era capaz de triunfar naquela vez. E nem isso consegui. Ainda alegra-me que apesar de tudo o que vivi, eu arrisquei e valeu a pena.
Perdi, sim, todas as batalhas nas quais eu lutei. Mas ganhei a interna.
Que a vida lhe proporcione muitas vitórias, mas que você também não proporcione a mais ninguém o fracasso.
Victória Pereira Martins
10/05/2007
quinta-feira, 10 de maio de 2007
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2 comentários:
Nada como uma boa batalha com algo que parece invencível...
mas talvez eu vença...
quem pode dizer que não?
pelo menos eu vou tentar... e será com todas as forças...
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